quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Meta: uma postagem por dia! Será que consigo?

Como eu já disse, gosto muito de escrever, mas nem sempre sei sobre o que escrever. Mesmo assim, resolvi que vou fazer pelo menos uma postagem por dia para exercitar a escrita e começar a organizar os pensamentos. Não comentei ainda, mas estou em uma processo de reeducação alimentar bem firme. Há 15 dias mudei meus hábitos e estou buscando uma vida mais saudável e equilibrada para mim.

Não é fácil, no entanto, estou bem decidida a mudar de vida nesse quesito. Chega de ter vontade de vestir determinada roupa e não poder, ou querer fazer uma atividade e não ter condições. Quero ser minimamente saudável. Vai levar um tempo, pois não busco um emagrecimento rápido. Não tenho dinheiro para grandes tratamentos, por isso, vou fazer do modo normal: redução de comida e atividade.

Comecei caminhando, quando sobrar uma grana quero entrar na musculação, mas a falta de grana não vai ser desculpa para eu desistir. Aos poucos vou chegando lá e nesse processo, com certeza, vai ter muito desabafo por aqui, afinal esse é o meu Diário da Cura. Minha primeira meta é chegar aos 80 kg - hoje peso uns 93 kg -, depois vou ajustando até chegar em um resultado que me deixe satisfeita. Let's go'.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Escreve, escreve, escreve...

O que é escrever? Quando a escrita deixa de ser um monte de palavras juntas para passar a ser arte? Eu leio muito desde muito pequena. Sempre quis escrever um livro, mas nunca consegui definir sobre o que. Já comecei alguns - talvez um dia eu publique as histórias aqui -, mas sempre paro porque não confio na história, ou melhor, não acredito na minha capacidade de contar aquela história como ela merece.

Gosto de fantasia e ficção, pois considero a vida real pesada demais; como jornalista, já contei muitas realidades, umas lindas, outras nem tanto, no entanto, sempre tive medo de não conseguir escrever aquela vida como ela merecia, por isso, quero escrever uma ficção fantástica que, no fundo, nada mais é do que uma realidade adaptada, afinal poucos são os escritores que conseguem criar novos mundos.

Escrever, muito mais do que juntar palavras, é, em alguns casos, organizar pensamentos, curar sentimentos, deixando eles gravados em outra coisa que não há mente, onde o potencial destrutivo as vezes é grande. Aqui eu vomito minhas penas e alegrias. De maneira meio bagunçada, eu sei, mas é porque as coisas ainda estão se organizando aqui dentro. 

Não há uma ordem para a escrita, ela flui, quase como se ditada por algo maior, capaz de colocar em palavras o que até eu finjo não existir. O que eu não consigo vocalizar, eu escrevo, mas nem sempre. Aqui não me preocupo com o português da coisa, só em escrever, expressar, contar de mim. Até na escrita eu quero perfeição, harmonia, só que isso não existe.

A palavra escrita é feita de reticências, pontos e vírgulas, pontos finais que não finalizam nada e exclamações de dor e alegria. Aqui eu questiona e me respondo, ou não; sou eu e não sou. Aqui eu posso perguntar: quem sou, pra onde vou, o que devo fazer? Se vou descobrir essas respostas, só lá no final dessa vida vou saber, ou não, quem sabe. Ah, esses finais que não finalizam nada, eu odeio...

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Não é sobre mim

A história do homem é complicada. Evoluiu de uma coletividade para a tão falada individualidade. Quando o ser humano descobriu que podia fazer escolhas, o famoso livre-arbítrio, começou a colocar as suas vontades acima das dos outros. A sobrevivência passou a ser mais difícil. Se antes todos trabalhavam juntos pela sobrevivência do grupo como um todo, com o tempo o trabalho solo, o talento individual, foi ganhando espaço e destaque.

A força do macho superou a sensibilidade da fêmea, a matéria ganhou corpo sobre o espírito. Hoje vemos uma sociedade adoecida. Indivíduos doentes porque não sabem como viver em sua solidão. Esqueceram o prazer de estender a mão e fazer algo pelo grupo. Estamos voltando a olhar para dentro, pois aqui fora não tem mais respostas. A missão é difícil, afinal perdemos milênios buscando e colocando energia em conquistar a aceitação do outro e o poder.

Ao nos encontrarmos, nos perdemos. Ao descobrirmos nossa capacidade de fazer escolhas, vimos que as opções eram muitas e nem sempre fáceis de serem alcançadas. Nossa grandeza, nos transformou em seres pequenos e rasos, inseguros e deprimidos, incapazes de ver o mundo além das nossas verdades cegas. Agora queremos nos resgatar. Muitos estão olhando para a alma para tentar entender um pouco do que os motiva.

Qual a minha missão nessa vida? Não pode ser apenas pagar boletos e sorrir para as "câmeras". Precisa ser mais, mas será que precisa mesmo? Será que nosso destino não é apenas aprender e entender que somos pequenos e estamos evoluindo, conquistando aos poucos a bagagem necessária para que possamos conhecer outras realidades? Não é sobre mim ou sobre você, é sobre o todo, a coletividade, o caminho que todos vão trilhar, uns mais rápido do que outros.

Estamos avançando, parando e continuando, mas nunca voltando atrás, pois a nossa natureza nos leva a buscar mais. Onde será que ela vai nos levar?  

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Passado, presente e futuro...

Estava lendo umas postagens antigas, de outros blogs que tive e fui abandonando pelo caminho. Há quanto tempo escrevo as mesmas coisas, de formas diferentes. Será que vou conseguir vencer, ultrapassar esse padrão? Hoje, meu passado, presente e, se tudo continuar igual, meu futuro são uma grande roda gigante de vivências e "revivências". Até quando...

PS: era só isso mesmo ;)

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

O pão da alma

A vida na Terra é complicada. A gente precisa cuidar do Espírito, mas a matéria também é exigente. Meu coração pede conexão com o plano maior, no entanto, minha razão e meus instintos animais dizem que preciso cuidar do físico. Está instalada a dor e a confusão. Não sou uma pessoa perseverante, na verdade, não sei que tipo de pessoa sou, sei apenas o que não sou. Isso é minha baixa estima falando, sempre acho que posso ser melhor e nunca estou satisfeita com o que de fato sou, porém o que sou?

Antes de tudo, sou Espírito, a essa conclusão já cheguei. Espírito em evolução, que a recém acordou para a verdadeira vida e, portanto, tem um longo caminho a seguir ainda. Meu lado racional me gera ansiedade por saber o tanto que ainda tenho que percorrer. Meu lado animal, instintivo, ainda grita, querendo ser saciado, meu lado espiritual, coitado, sofre buscando uma direção a seguir. Não há regras e nem instruções certeiras. Ninguém apareceu para me dizer: faz assim, faz assado.

Sou amparada por amigos do plano espiritual, mas minha pequenez ainda me faz ser meio surda as suas inspirações, porque é isto que recebo, inspirações. Meu livre-arbítrio sempre é respeitado. Se me deixo dominar pela ansiedade e a dúvida, eles deixam eu vivenciar esse processo sem interferir. Somente quando saio desse estado de pura materialidade é que eles conseguem me ajudar, através do envio de fluídos de amor, carinho, cuidado e cura.

Estes, diga-se de passagem, estão sempre à disposição, eu é que não consigo estar sempre sintonizada para recebê-los. Quando eu era mais jovem parecia mais fácil me manter equilibrada e aberta às coisas da alma. Hoje já sofro mais, pareço não ver evolução, mas talvez agora eu esteja de fato trabalhando pelo meu melhoramento. Antes eu apenas observava, agora estou tentando exercitar e como é difícil. A vida foi me batendo e me dizendo: olha a dor a tua volta, olha a tua dor, te olha.

Antes eu queria ajudar a humanidade, hoje eu entendo que primeiro preciso me ajudar, me equilibrar, que árvore doente não dá bons frutos para sempre, chega uma hora que ela precisa se regenerar para voltar a frutificar com força e saúde. Estou doente da alma e isso reflete no meu corpo. A minha fome espiritual, minha sede e incapacidade de absorver o que vem do alto, se refletem no meu lado material. Angustia, baixa-estima, ansiedade, tristeza.

Uns vão dizer que não posso ser assim, tão negativa, mas é reconhecendo esse meu lado, é dizendo que não está tudo bem, que eu cresço e busco o que vai me fazer melhorar. A cura as vezes é amarga e está tudo bem. Não somos só luz, temos muita escuridão que escondemos dentro da gente, fingimos que ela não existe e assim ela vai nos consumindo. Eu digo que não quero mais deixar a escuridão me tomar. Eu quero luz, mas para chegar nela, vou ter que olhar pra minha própria escuridão.

Vou ter que me reconhecer orgulhosa, vaidosa, egoísta, preguiçosa, glutona, ingrata, para saber reconhecer o que é a humildade, o amor, a caridade, o equilíbrio. A luz está aqui dentro, eu sinto ela me acalentando e consolando, eu sinto seus benefícios, só ainda não consigo deixar ela brilhar sempre. Durante tanto tempo fingi que minha escuridão não existia, que ela grassou, ganhou campo e está me ajudando a ver o quanto a luz é boa, o quanto preciso dela.

Luz, escuridão, dois aspectos que em equilíbrio são capazes de moldar universos, mas em desiquilíbrio causam dor. Minha dor não é culpa de mais ninguém a não ser eu mesma. O outro não tem culpa da forma como eu recebo o ataque dele. Ele também está aprendendo a lidar com suas dificuldades e cabe a mim entender e filtrar isso, mas não é fácil. Somos comunidade, coletividade, a opinião e a palavra do outro nos causa dor, porque não somos caridosos e amorosos o suficiente para entender a dor do outro.

Quero aprender, quero que a luz e a escuridão em mim aprendam a conviver e a criar, é assim que a vida evolui, a dor faz o homem valorizar o amor. O pão da alma parece duro de engolir, mas é nutritivo e quando começa a ser digerido, nos dá vida e energia.   

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Diário da Cura

Se você leu minha postagem anterior, Uma história qualquer..., pode ter pensado assim: que triste. Bem, errado não está, mas mais que tristeza, meu post foi um desabafo, uma forma de colocar para forma coisas que ainda me incomodam, porém, estou disposta a deixar para traz. Esse é o objetivo deste blog: cura.

Aqui vou deixar algumas tristezas, reflexões, medos e esperanças. Aqui vou tentar resgatar minha fé em mim mesma e no próximo, perdida pelas pedras da vida. Ah, a vida. Trem difícil, né... A gente tenta ser do bem e toma nos "óio".

Daí vê uns "serhumaninhos" escrotos se dando bem e pensa: WTF!! Mas daí eu lembro que o bem que eu faço, e isso inclui um bom dia sorridente para qualquer pessoa, faz mais bem para mim do que para quem recebe. 

Você já parou para pensar que o bem que fazemos é pra gente? Dá uma sensação de satisfação, de ver cumprido, de completude. Tá aí a prova de que o ser humano nasceu para luz e que a escuridão que todos temos por dentro é só uma etapa.

Etapa necessária para aprendermos o quanto é bom ser luz. Afinal, poucos valorizam o que sempre tiveram. Deixa uma pessoa passar fome para ela saber o valor de um pão com ovo ou de um arroz com feijão, ovo (é, eu gosto de ovo).

Ok, já sabemos que não é fácil. A ética humana, principalmente a ocidental, é baseada numa fé que, de certa forma, contaminou muitas relações, pois foi deturpada pelos interesses individuais de seus líderes. É assim que o homem age...

Fomos feitos para viver o coletivo, em comunidade, no entanto, nunca se exaltou tanto o indivíduo. E tá aí as causas das nossas dores. Afinal, se eu cuido só dos meus interesses, não sobra muito espaço para o outro, e se cada um tomar essa mesma atitude, está instalado o caos.

Um caos que é mental, psicológico, mais grave do que o caos da matéria, na minha opinião. Tanta gente deprimida, melancólica, sem ver propósito na existência. Com medo de ser julgada por uma dor que não consegue controlar.

Hoje é mais fácil jogar pedra no coleguinha, do que olhar para dentro e ver que o que dói no outro, também dói na gente. "Depressão é frescura; é falta de Deus; vai lavar uma louça..." quem nunca ouviu ou pensou isso que atire a primeira pedra.

Mas não, depressão é um grito de socorro do Espírito. É ele te (me) dizendo que estas (estou) gastando tuas (minhas) energias preciosas no lugar errado. Tudo bem, precisamos do dinheiro para viver no mundo atual, mas tu já viu como o dia tá bonito?

Já viu como o teu vizinho cuida lindamente do jardim dele? Já te ofereceu para ajudar alguém hoje? Vamos abrir o coração para o que vai além da matéria? Sinceramente, eu tenho muito fé na espiritualidade, acredito mesmo que nosso propósito de vida vai além, da Terra.

E é essa fé, crença, confiança, esperança que mantém seguindo em frente. Quem não acredita vai dizer que é bobagem, mas eu te digo: a tua vida seria mais leve se tu só abrisse o coração um pouquinho para o invisível. A gente não precisa ver para acreditar que existe, a física já nos provou isso.

O que seria da ciência se não fosse o credo de Einstein na teoria da relatividade? Ele "via" além dessa dimensão de vida, tinha fé nela. Abriu caminho para o impossível usando a razão, essa amiga que tanto pode nos derrubar, quanto nos ajudar a entender o inexplicável.

Sei, por experiência própria, que não é fácil ver além do que é tangível, mas que tal começar pequeno? Olhar além dos boletos e ver a alegria que aquelas coisas que estas pagando te trazem. A luz está cara? Concordo, mas imagina tua vida sem ela.

Pensa em como seria a existência sem a abundância de água (temos exemplos disso no Brasil mesmo). Começa a ver além do problema, foca nas alegrias, pequenas, eu sei, que os objetos podem proporcionar. Se não traz alegria, é porque não devia estar na tua vida. 

A vida nos envolve em camadas pegajosas e difíceis de remover, que toldam os nossos olhos para o que importa de verdade. Começa aos pouquinhos a remover algumas. Vai dar trabalho e talvez tu (eu) não avance muito, mas só a sensação de ter começado, já vale, pode confiar ;) 

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Uma história qualquer...

Esta poderia ser a história de qualquer um, mas é a minha. Sim, ela é repleta de simplicidades, não tem grandes aventuras ou feitos. É só a vida de uma mulher que nasceu no século 20 e vai morrer no século 21, se a ciência não avançar e descobrir a fonte da vida eterna (rsrsrsrs). Eu nasci em janeiro de 1984, não sei muito bem como foram meus primeiros meses de vida, minha mãe não fala muito disso (tá aí uma coisa que eu tenho que perguntar).

Tudo que sei começa com o nascimento do meu irmão do meio - vamos chamar ele de Lucio -, quando eu perdi o status de bebê e virei uma moça de quase dois anos super independente e capaz de tomar banho sozinha – por necessidade da minha mãe, que não conseguia cuidar de dois filhos pequenos ao mesmo tempo. O período parece coincidir com um fenômeno engraçado, a minha “encapetização”. Nessa época, eu deixei de ser uma criança fofinha, para virar um capetinha.

Eu era o furacão das festas e das costureiras, “tocava” junto com as bandas, quando meus pais tomavam coragem e saiam de casa, ou pegava os penicos alheios de debaixo da cama, roubava o talco das pessoas de cima da penteadeira e fazia o helicóptero (olhinhos pra mim). Eu também não gostava de festas de aniversário pelo que mostram as fotos e as lágrimas derramadas. Aliás, não tenho muitas fotos de infância, minha família nunca foi ligada nessas coisas.

Assim eu fui crescendo, com fama de criança doida e impossível de aguentar – que o digam minhas tias -, pobre de mim. Fui pra escola cedo. Lembro pouco dessa época, pois meus pais se mudavam muito, mas recordo algumas peripécias. Tenho vagas lembranças de uma estante de livros alta que eu escalei. As profes da escola onde eu estudava – era um colégio de freiras em Bagé – não gostaram muito, mas elas não precisaram me aguentar muito tempo também, porque nos mudamos.

Lembro que em Bagé morávamos ao lado de um casal de velhinhos. Eu adorava a senhora que, se não me engano, costurava. Eu era pequenina, mas me empoleirava na beira da cerca entre as casas pra bater papo com a "vó". Também lembro de nessa época vestir as roupas da mãe. Ela tinha um sapato de salto azul que eu adorava. Hoje não gosto de salto, mas naquele tempo eu era bem perua, tá. Minha mãe vivia brigando comigo por causa das minhas "maquiagens" especiais, meu mano era minha cobaia preferida.

Ah é, esqueci de dizer que sou gaúcha, nasci em Bolotas (qualquer semelhança, não é mera coincidência), uma cidade linda, com uma história triste, que combina bem com sua gente meio amarga e blazê. Por aqui a galera parece que está sempre infeliz e insatisfeita, sei bem porque morei um tempo em Porto Alegre, a capital do Estado, e a vida tinha outro ritmo por lá. A gente ia pra frente, não tinha que remar contra o tempo como aqui. Essa é a minha história, então fodasse a linha temporal, vou contar como eu quiser.

Para resumir, porque não gosto de enrolar, eu fui uma adolescente nerd, insegura, apesar de ser bem gatinha, e com muitos ideais. Cresci em uma região da cidade meio barra pesada, por isso eu não saia muito de casa. Acabei me abraçando aos livros para viver. Neles eu era quem eu quisesse e vivia a vida que eu imaginasse. Acabei crescendo tímida e antissocial, só perdi o ranço das pessoas quando comecei a trabalhar.

Como li muito desde nova, sempre tive uma cultura um pouco maior – sei que isso soa arrogante, mas fodasse – e as pessoas, principalmente as da minha idade, sempre me pareceram meio burras ou simplórias. Assim eu fui crescendo, tudo fiz mais tarde. Meu primeiro beijo aos 17, minha primeira transa – não muito boa por sinal – foi aos 21, aos 22 conheci o meu marido/companheiro e com ele estou desde então. Minha vida é meio chata, mas é uma vida normal.

A vida de todo mundo é assim, na verdade, meio ok. As redes sociais mostram um mundo de faz de conta, montado como uma colcha de retalhos, com os melhores pedaços, mas o dia a dia é difícil. A mulher tem que lidar com cobranças variadas que vão desde ter um corpo lindo e sarado, até ser uma baita profissional, fodona e bem-sucedida. Caralho, as feministas do passado devem se revirar no túmulo ao ver que a luta delas acabou construindo outros tipos de amarras.

Amarras sim, desculpe as feministas de agora, mas o tipo de pressão que as mulheres de hoje sofrem são só diferentes, mas não deixam de ser correntes. A diferença é que a gente mesmo veste elas, pois é assim que as coisas são. Se antes eram os homens que diziam como devíamos ser e parecer, hoje somos nós mesmas que nos impomos mil prisões. Continuamos querendo amar e ser amadas, ter família – algumas, é claro -, ser independentes, no entanto, acabamos personificando um ser humano que ninguém é capaz de ser.

Quem consegue ser bem-sucedida, boa dona de casa, linda e gostosa, boa mãe e companheira? Sabe o tempo? Assim como ele cura, ele também passa e a gente deixa de viver muita coisa porque está colocando energia onde não deve. Quais os meus sonhos? Quem eu queria ser quando lia aqueles livros água com açúcar de pequena? Eu acabei sendo tanta gente que me perdi de mim mesma, não sei quem sou hoje, no aqui e agora, na vida que tenho de verdade. Quero contar histórias? Quero sim, até me formei nisso – sou jornalista, com diploma, desculpa aí -, mas quais histórias quero contar?

Pra mim, escrever é como parir um filho – a analogia é minha, #medeixa – é sofrido, a gente se preocupa sobre como ele vai ser, se as pessoas vão entender, respeitar, entender, mas porra, dá um orgulho quando sai algo coerente e coeso. Sempre tive mais facilidade para escrever do que para falar. As vezes, falando, parece que os pensamentos se embaralham e saem tortos. A escrita não. Esse texto está cheio de erros, palavras repetidas, porém, ele conta uma história, a minha história, que não é grandiosa, mas é minha, a única que eu tenho.

Meu objetivo é criar outras histórias, só que primeiro eu preciso falar da minha, pra justamente entender porquê eu preciso contar outras histórias. É no faz de conta que eu existo, simples assim. Tem gente que é matéria e razão. Durante muito, muito tempo eu tentei ser assim, porque era isso que o mundo pedia de mim, mas não quero mais. Quero sonhar, imaginar, ser a Deusa das minhas histórias. Quero dar vida a minha imaginação no papel. Eu abafei ela, amarfanhei e joguei num canto escuro da minha mente, porque eu achava que ela não me servia.

Agora eu fui lá buscar ela. Foi difícil de encontrar, ela amarelou, tomou a forma que eu dei pra ela. Tá cheia de teia de aranha e pó. Vou ter que sacudir bastante, talvez passar a limpo, acrescentar algumas partes, pois eu cresci como mulher desde que deixei ela de lado e isso também faz parte de mim agora. A gente pode fingir a vontade, tentar de todas as formas se encaixar no mundo, mas caralho, o mundo não se encaixa na gente, ele é grande demais, vasto demais. Estou lutando, de verdade, pra me desenquadrar.

Eu sou redonda gente, tanto em sentido literal, quanto no figurado. Como todo ser humano, eu sou círculo, não tenho começo e nem fim. Quando eu aceitar e entender isso, sei que tudo vai fluir como tem que ser. Note bem, não de maneira mais fácil, porque viver não é fácil, mas como tem que ser. Chega de criar arestas pra me agarrar ao mundo material, eu sou mais que matéria. O universo habita em mim e eu habito nele, e minha missão é contar as histórias que estão por aí, esperando para serem contadas, sejam elas de verdade ou não.

PS: a título de conhecimento, eu tenho um irmão mais novo, que é bem mais novo – vamos chamá-lo de Pedro. Ele é diferente de mim, mas eu amo ele tanto tanto, assim como amo meu mano do meio. Amo eles como eles são. Na verdade, eu amo as pessoas como elas são e tá tudo bem pra mim. As vezes não está bem pra elas, só que aí o problema não é meu, né...